Sala de prensa

Comunicado das redes de produtores(as) do sistema Fairtrade

Os produtores de café de Comércio Justo lamentam profundamente a decisão do Fair Trade USA de congelar os preços mínimos desatualizados, condenando os(as) produtores(as) a vender seus grãos de café abaixo dos custos de produção.

Mais de 600 organizações de produtores de café Fairtrade em todo o mundo fazem um forte chamado para o Fair Trade USA para que reconsidere sua decisão, afirmando que o aumento de preço foi um pedido coletivo, após um longo processo de consulta, país por país e região por região.

Após onze anos e um sólido e inclusivo processo de consulta de custos com produtores(as), especialistas dos principais países produtores de café do mundo, parceiros comerciais e torrefadores – incluindo operadores da América do Norte-; o Preço Mínimo do Comércio Justo Fairtrade foi atualizado como um passo fundamental para lidar com os riscos humanos e ambientais diretamente relacionados aos baixos preços do café.

As organizações de produtores(as) da América Latina, África e Ásia, que compõem as Redes de Produtores Fairtrade, participaram ativamente do processo de consulta e tomada de decisão do Fairtrade International e nunca estiveram tão alinhadas quanto neste forte requisito de aumentar o Preço Mínimo Fairtrade. “Todos nós sentimos um grande alívio”, disse Roberto Salazar, presidente da Rede Café da CLAC, “pesamos o risco potencial de perder participação no mercado Fairtrade, contra a realidade de perder produtores, incapazes de permanecer na agricultura com preços que não cobrem os custos básicos de produção”. Além disso, Benjamin-Franklin Kouame, presidente do Fairtrade África, enfatizou que todas as iniciativas que buscam uma remuneração justa pelos esforços dos produtores(as) são ativamente apoiadas.

A compilação de dados e consulta de custos confirmou o aumento dos custos de produção, o cumprimento das normas e as necessidades dos produtores(as) investirem na recuperação e adaptação às mudanças climáticas. Uma indústria que apoia salários e renda dignos, direitos humanos, cuidados com a juventude e o meio ambiente deve reconhecer que a decisão do Fair Trade USA não é o melhor para o(a) produtor(a), nem uma solução para os muitos desafios enfrentados pelos produtores(as).

“O Preço Mínimo do Comércio Justo Fairtrade representa uma proteção para os produtores(as) contra as forças de mercado exploradoras e é exclusivo do Fairtrade. Isso nos diferencia de outras certificações”, diz Pravakar Meher, presidente da NAPP, a Rede de Produtores de Comércio Justo da Ásia-Pacífico. “Os produtores membros do Fairtrade NAPP estão muito satisfeitos em receber o tão esperado preço mínimo revisado para o café, que foi estabelecido após um processo de consulta minucioso com todas as partes interessadas relevantes. O Preço Mínimo do Comércio Justo Fairtrade juntamente com o prêmio Fairtrade buscam uma distribuição mais equitativa em toda a cadeia de fornecimento e o empoderamento dos produtores(as) e trabalhadores(as), que são o centro do movimento Fairtrade”.

“Trabalho infantil, pobreza, fome, migração, más condições de vida e trabalho, degradação da terra, desmatamento, perda de biodiversidade, podemos enumerar mais. Para evitar maiores prejuízos, aumentar o preço é o primeiro passo”, afirma Merling Preza, coordenadora da Rede CAN de produtores de café da África, Ásia e América Latina.

CLAC, Fairtrade África e NAPP, as três Redes de Produtores(as) Fairtrade, apoiam os(as) produtores(as) de café e suas organizações no cumprimento dos estândares Fairtrade e regulamentos internacionais, introduzindo e fortalecendo práticas de produção sustentável, combatendo às mudanças climáticas, criando conscientização sobre direitos humanos, abordando os riscos mais importantes e promovendo inclusão de jovens e gênero. “Como Organizações e Redes de Produtores(as), sempre acompanhamos a fixação de preços justos com programas e projetos, mas as práticas de compra e preços justos são a base e a condição para a justiça social e ambiental”, diz Marike de Peña, presidenta da CLAC, “projetos e programas não substituem preços sustentáveis, ambos são fundamentais para alcançar nossas metas ambiciosas para 2030.”

“Para reforçar a sustentabilidade na cadeia de valor do café, é preciso estabelecer um equilíbrio, e o aumento dos preços após mais de uma década, impulsiona a produção e a oferta do mercado. Os meios de vida dos cafeicultores verdadeiramente resilientes exigem a revisão dos Preços Mínimos do Comércio Justo para garantir que os produtores vendam a preços que cubram seus custos de produção, enquanto trabalham com parceiros para atender a outras necessidades agrícolas, como mudanças climáticas e o cumprimento dos marcos regulatórios em constante mudança. Pagar aos agricultores um preço justo por suas colheitas é o mínimo necessário para que continuem cultivando. O modelo de preço mínimo e prêmio Fairtrade é complementado por programas de apoio”, diz Benjamin Kouame, presidente do Fairtrade África.

Mais de 600 organizações de produtores(as) de café Fairtrade em todo o mundo estão pedindo veementemente à Fair Trade USA que reconsidere sua decisão de congelar os preços mínimos do café, que foram estabelecidos há mais de uma década.

Por fim, convocamos a indústria, os consumidores e outros participantes do mercado a se solidarizarem com os produtores(as) de café e a ouvirem suas vozes.

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